Se escutasse a minha alma
Seria o vento que passa
O que curva e rodopia nos espaços e tripas dos mundos
E o riso deles e o meu nas praças
a celebração de uma vida que sonhamos ter
Se a escutasse
seria o cortar de legumes nas cozinhas
O descascar, cozer picar
Seriam os parafusos a entrar e os martelos
Seria a noiva a atravessar a estrada para atirar o buquet
A jangada que corta o rio em folhas
Seria o piano dos teclados
E crianças a saltarem para a piscina
Seria as cortinas ao vento
E as paredes de sombras das fabricas
Se escutasse a minha alma
Seria todos nós em uníssono
Em uníssono a sussurrar
“não sei o que faço aqui...”
“não sei porque estou aqui...”
“não sei o que faço aqui..”
“não sei porque estou aqui..”
“não sei...”
“porque...”